O que é a parentalidade?
O termo "parentalidade" enquadra-se numa atividade científica que se dedica ao estudo dos processos e atividades parentais. Tal como referem vários autores, membros desta comunidade científica, a "parentalidade" constitui um conjunto de atividades desenvolvidas no sentido de assegurar a sobrevivência e o desenvolvimento integral da criança, num ambiente seguro, de forma a procurar uma progressiva autonomização física, psicossocial e económica.
Os critérios estabelecidos, quando se quer definir um padrão de parentalidade considerada suficiente, estão dependentes de construtos sociais, resultantes de crenças culturais e de preocupaçõoes contextuais.
Sendo desta forma, o exercício da parentalidade, uma das tarefas mais dificeis, complexas e cheia de desafios para o ser humano, é analisada segundo várias caraterísticas, a saber, as competências, as capacidades e as práticas parentais. Como competências parentais, entedem-se as respostas que os pais exibem na tentativa de resolução imediata de um comportamento da criança; as capacidades parentais identificam-se com um conjunto de estratégias que os pais desenvolvem para a resolução de condutas desapropriadas, a longo prazo. As práticas parentais, relacionadas com os estilos parentais, têm a ver na forma como os pais exercem a sua autoridade e o seu afeto para com os filhos.
Parentalidade: Que tarefas?
Ser "mãe" ou ser "pai" são práticas que implicam uma série de tarefas variadas, complexas e difíceis, que vamos conhecer melhor. O modelo de Hoghughi, das dimensões parentais, que devide este processo em atividades parentais, áreas funcionais e pré requisitos, mostra-nos que dentro de uma parentalidade suficientemente adequada, se inscrevêm várias formas de agir.
As atividades parentais enquadram-se num conjunto de tarefas que têm como objetivo garantir uma parentalidade suficientemente adequada.
A satisfação dos cuidados físicos, tem a ver com a satisfação de necessidades de sobrevivência da criança em termos de alimentação, vestuário, higiene, abrigo, hábitos de sono, cuidados de saúde e prevenção de acidentes. Os cuidados emocionais têm a ver com a relação afetiva, com a qualidade da vinculação e com a persistência de um sentimento de estima e apreço em relação à criança. Por fim, os cuidados sociais têm como objetivo garantir a integração da criança na escola e em casa, junto dos pares e de adultos significativos.
Outra tarefa dentro das atividades parentais relaciona-se com o controlo comportamental, com a disciplina e com a imposição de limites, que têm que ter em conta o bom senso dos pais e as dimensões culturais e sociais. Por exemplo, os pais incitam a criança a realizar determinada atividade, supervisionam esse desempenho e asseguram a sua realização dentro de limites razoáveis. A quebra desses limites passa numerosas vezes pela aplicação de consequências. E enquanto temos atividades com limites negociáveis, como o tempo de brincar, outras são inegociáveis como o controlo de esfincteres ou a ida à escola.
Podemos ainda referir as atividades de desenvolvimento, que dependem da predisposição e do desejo dos pais, de que a criança desenvolva o seu potencial em áreas de funcionamento, como a desportiva, a artistica ou a cultural.
As áreas funcionais, dizem respeito a questões do funcionamento da criança que requerem a atenção dos pais e, referem-se a:
Funcionalidade física cuja finalidade se enquadra na saúde física da criança, mais especificamente na prevenção de danos e na promoção de um crescimento positivo;
O funcionamento inteletual promove as tarefas que têm em vista o potenciar de competências educacionais, de aquisição de conteúdos académicos, de capacidades de trabalho e de resolução de problemas na criança;
Em termos de comportamento social, os pais devem proporcionar formas de promover o conhecimento de normas legais e culturais relativas à propriedade e às pessoas, bem como promover a aprendizagem da assertividade relacional;
Por último podemos referir a saúde mental, em que está envolvida o reconhecimento e aceitação da necessidade de apoio clínico, em determinados casos.
Por fim, dentro dos pré requisitos que representam um conjunto de competências necessárias para o desenvolvimento das atividades parentais. Nestas incluem-se:
O conhecimento e a compreensão dizem respeito às competências parentais que permitem reconhecer e interpretar o estado da criança e se necessário procurar aconselhamento para depois responder adequadamente. Estas competências podem também estar relacionadas com questões culturais e de aprendizagem pessoal;
A motivação representa outro dos pré requisitos, que tem a ver com os desejos do pai e da mãe em promover o crescimento e o desenvolvimento da criança e em aceitar as responsabilidades que isso acarreta;
Também os recursos são importantes neste processo de levar a cabo uma série de atividades parentais e, que dizem respeito às redes sociais (de que os pais dispõe e que lhes dão apoio nesta tarefa), os recursos materiais (traduzem-se nos recursos económicos para a subsistência e promoção do desenvolvimento da criança), as competências parentais (adquiridas ou recebidas) e as qualidades parentais (abordagem interativa e afetiva com a criança);
Finalmente, mas não menos importantes, as oportunidades que dizem respeito a uma séria de condicionantes à parentalidade, entre elas o tempo disponível dos pais para exercerem estas atividades.
Como vimos a parentalidade implica um conjunto variado de práticas, das quais eu destacaria a motivação, o conhecimento e a disponibilidade para o adquirir, aspeto este muito importante quando temos uma criança, que se vai transformar num adolescente, à nossa guarda. E não devemos esquecer que a sociedade nos responsabiliza pelo desenvolvimento adequado das crianças e dos adolescentes.
Bibliografia de apoio: Barroso, R.; Machado, C: (2011) Definições, dimensões e determinantes da parentalidade, in Psychologica,52, pp.211-230
Parentalidade: algo gratificante!

Ser mãe e ser pai, com todas as responsabilidades inerentes à sobrevivência e à autonomização, física, emocional e social de uma criança, não deixa de ser uma das atividades mais díficeis do ser humano. Além disso, é uma tarefa muito trabalhosa, sem intervalos, com a duração de 24 horas, 7 dias por semana!. É assustador, não é?
Mas apesar das dificuldades, do cansaço e do medo de errar quando se está perante a árdua tarefa de fazer as nossas crianças crescer saudáveis e felizes, esta á uma das atividades que o ser humano encara, que se torna tão gratificante!
O facto de um filho ser uma entidade que se desenvolveu e cresceu a partir do envolvimento dos seus pais; ou da sua dependência total de uma mãe e um pai, que ele vê como heróis; um sorriso com que brinda os seus pais, ou o facto de nos dizer "adoro-te" ou "amo-te", é algo deveras compensador. O vermos os nossos filhos serem atores numa festa na escola, a sua participação numa exposição de desenhos, ou o crescerem, emanciparem-se e formarem a sua própria familia, é o que nos torna tão orgulhosos enquanto pais...
Porque é que quando se junta um grupo de pais, é ouvi-los falar das aventuras e dos feitos dos seus filhos?
A parentalidade implica nos dias de hoje uma grande gratificação psicológica e uma grande satisfação emocional, para a qual existe também uma ajuda fisiológica, consubstanciada num conjunto de hormonas que nos tornam mais atentos e alertas, tanto para os pais como para as mães.
Talvés, o pensar e refletir sobre os benefícios de fazer crescer e desenvolver uma nova vida, torne os pais mais felizes e bem sucedidos na sua tarefa. Não devemos ter a ilusão de que ter simplesmente um filho, sem que se faça alguma preparação para o facto, nos tornará bons pais e mais felizes.
É por esta satisfação emocional, pela preparação prévia ao facto de sabermos que vamos ser pais e pelo pré requisito da parentalidade que tem a ver com a motivação, que nos leva a desejar ter um filho e a aceitar a responsabilidade que isso implica, que desempenhar esta tarefa a que se chama parentalidade pode ser algo muito gratificante.